Heloisa Marinho

23 de agosto de 2022 Por: Bárbara Matoso
Montagem de fotos sobre personagens da Educação Especial em tom azul.

Heloisa Marinho, Helena Antipoff, Sociedade Pestalozzi do Brasil, Formação de professores, Educação Emendativa. Heloisa Marinho (1903-1994), educadora, psicóloga, uma das pioneiras da psicologia no Brasil (CAMPOS, 2001, pp. 222-223), foi reconhecida por seus trabalhos e publicações a respeito da Educação Infantil, com pesquisas a respeito dos seguintes temas: Da Linguagem na Formação do Eu (1935); Da Influência Social na Formação do Gosto (1937); A Linguagem na Idade Pré-escolar (1939); O Vocabulário da Criança de Sete Anos (1942); Métodos de Ensino da Leitura (1944); Lógica e Desenho (1945); A Escrita na Escola Primária (1947); Prova de Avaliação da Idade Gráfica (1956); Escala do Desenvolvimento Físico, Psicológico e Social da Criança Brasileira (1957); Origins of Thought in Early Childhood (1958); Estimulação Essencial (1976); Escala de Desenvolvimento (1977) (LEITE FILHO, 2000, p. 7-9). Teve ainda um papel importante na Sociedade Pestalozzi do Brasil (SPB) e nos Cursos de Formação de Professores para a Educação Emendativa realizados no Instituto de Superior de Educação Rural (ISER), Ibirité, Minas Gerais, como veremos mais adiante. Temos no Acervo do Memorial Helena Antipoff correspondências trocadas entre a professora Helena Antipoff e profissionais da psicologia e da educação que tratam do mais diversos temas. Essas missivas evidenciam a importância do trabalho realizado na Fazenda do Rosário e no ISER e no desenvolvimento da área de educação especial no Brasil bem como a influência de Antipoff no trabalho de Heloisa Marinho. Focaremos esse verbete em alguns aspectos da participação da psicóloga Heloisa Marinho na organização da educação especial no Brasil e suas relações com a professora Helena Antipoff. O Conselho Nacional de Educação (CNE) criado em 1931 assinado por Getúlio Vargas (1882-1954) e Francisco Campos estabelecia entre outras questões “promover e estipular iniciativas em benefício da cultura nacional, e animar atividades privadas, que se proponham a colaborar com o Estado em quaisquer domínios da educação” (CNE, 1931). Assim entre as décadas de 1930 e 1970 floresceram órgãos e programas governamentais voltados para a educação de todas as faixas etárias. Marinho entre outros educadores se dedicaram a primeira infância. Machado (2015, p. 105) destaca: O Departamento Nacional da Criança (DNCr); Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP); Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (PABAEE) e com o Centro de Estudos e Pesquisas Helena Antipoff da Sociedade Pestalozzi do Brasil; os quais tiveram suas ramificações em Institutos, Centros de Estudos e Pesquisa em prol dos cuidados materno-infantis (MACHADO, 2015, p. 105) Como sabemos Antipoff transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1943, trabalhando “junto ao Ministério da Saúde na institucionalização do Departamento Nacional da Criança (DNCr), e na criação da Sociedade Pestalozzi do Brasil” (CAMPOS, 2003, p. 222), onde provavelmente estabeleceu os primeiros contatos com a professora Heloisa Marinho. Em 1949, Heloísa Marinho esteve à frente da criação do Curso de Especialização em Educação Pré-Primária no Instituto de Educação do Rio de Janeiro (IERJ). Essa iniciativa, de acordo com Leite Filho (2000) foi responsável por consolidar o Centro de Estudos da Criança. Esse curso de especialização foi o primeiro de outros que vieram posteriormente a constituir o Curso de Extensão e Aperfeiçoamento (CEA) no IERJ, bem como os cursos de especialização em “Educação Pré-Primária, Iniciação Escolar Primária e Educação de Crianças Excepcionais.” (LEITE FILHO, 2000, p. 4). Temos no acervo do Memorial Helena Antipoff o registro da participação da psicóloga Heloisa Marinho nos cursos de Educação Emendativa, realizados no ISER, Ibirité/MG ministrando duas disciplinas: 1) O desenvolvimento da criança. Aspectos típicos da evolução física, psicológica e social. Organização das atividades de livre escolha. Organização do ambiente e do material. Orientação educativa. Maturidade necessária à aprendizagem da leitura e da escrita. 2) As leis da forma (Gestalt). Aplicação das leis da forma ao ensino da matemática. Aplicação das leis da forma ao ensino da leitura. Comentários relativos ao filme: “Skippy aprende a ler, escrever e contar” (ANEXO 01). O acervo do Memorial Helena Antipoff nos revelou ainda a relação entre as pesquisas realizadas pela professora Helena Antipoff e aquelas realizadas por Heloisa Marinho. O anexo 02 nos apresenta uma correspondência de Heloisa Marinho dirigida à Helena Antipoff, considerando que baseou a sua Escala de Desenvolvimento no trabalho realizado e publicado por Helena Antipoff. Solicita ainda que Antipoff faça sugestões que possam melhorar o trabalho antes que o mesmo esteja finalizado. Essa relação foi confirmada por Leite Filho (2000): Escala de Desenvolvimento (1977) – A pesquisa é a continuidade da iniciada em 1957 […] O cuidadoso estudo da professora Helena Antipoff sobre Desenvolvimento Mental da Criança, realizado na Sociedade Pestalozzi, em Belo Horizonte, em 1939, serviu de fundamento a essa pesquisa. As provas utilizadas com as crianças no trabalho experimental foram na maioria aproveitadas da escala desenvolvida por H. Antipoff, acrescida de algumas recolhidas em bibliografia recente e em pesquisas realizadas no IERJ (LEITE FILHO, 2000, pp. 9-10). No documento O professor e a lei, elaborado por Heloisa Marinho, na década de 1970, a autora faz uma retrospectiva da formação de professores no Curso Normal do Colégio Bennett. Ao citar a importância da Lei 5.692/71 nos diz “O conhecimento que o professor tenha da matéria deverá assisti-lo em interpretar interesses e atividades naturais do aluno”. Utiliza como exemplo para a concretização desse princípio as observações do trabalho realizado no Curso Normal Rural, na Fazenda do Rosário. Descreve ainda a sua participação no projeto das Granjinhas no ISER: as formalidades legais para o arredamento do terreno, o contrato, a delimitação do terreno, o inventário do “nosso terreno”, nas palavras de Heloisa Marinho. Conclui com a seguinte afirmativa: “Destinado ao aperfeiçoamento de professores, o projeto “granjinha” relacionava em todo harmonioso a vivência do cultivo da terra, acessível à criança, e o método cientifico necessário a cultura do professor” (ANEXO 03). Em 1974, Heloisa Marinho aposentou-se por idade, compulsoriamente, na UERJ. Na SPB, Marinho fundou em 1976, dois anos após a morte de Antipoff, o Centro de Estudos e Pesquisa Helena Antipoff (LEITE FILHO, p. 16). Objetivava organizar e coordenar “um curso de pós-graduação em Desenvolvimento da Criança e de especialização em Estimulação Essencial destinado a profissionais com curso superior” (MACHADO, 2015, p. 111).

Publicações da autora:

MARINHO, Heloísa. Carta. Rio de Janeiro/ Guanabara. Documento Inédito datilografado. Acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff/CDPHA – Seção Museu Helena Antipoff/Ibirité/Minas Gerais. (ANEXO 02)

MARINHO, Heloísa. Carta para Helena Antipoff. Rio de Janeiro/D.F. Documento Inédito datilografado. Acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff/CDPHA – Seção Museu Helena Antipoff/Ibirité/Minas Gerais (ANEXO 02)

MARINHO, Heloísa. O professor e a lei. Documento Inédito datilografado. Acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff/CDPHA – Seção Museu Helena Antipoff/Ibirité/Minas Gerais. (ANEXO 03)

Referências:

LEITE FILHO, Aristeo. Heloísa Marinho: Educadora de Educadoras na Educação Infantil do Rio De Janeiro. 2000. Trabalho apresentado no GT 2 História da Educação ANPED, GT 2 História da educação. Anais da 23ª Reunião Anual da ANPEd. Caxambu, 24 a 28 de setembro de 2000. Maiores informações podem ser acessadas no seguinte link http://23reuniao.anped.org.br/textos/0209p.PDF Acessado em 30/06/2022.

BRASIL, 1931 Conselho Nacional da Educação. Maiores informações a respeito do Decreto nº 19.850 de 11/04/1931 podem ser acessadas no seguinte link https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19850-11-abril-1931-515692-publicacaooriginal-1-pe.html Acessado em 15/01/2022.

CAMPOS, Regina Helena F. Helena Antipoff: razão e sensibilidade em psicologia e educação. Estudos avançados, V. 17, N. 49, p. 222, 2003. Maiores informações podem ser acessadas no seguinte link https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000300013 Acessado em 30/06/2022.

Cassemiro, M. F. P. (2018) Formação de professores para a educação especial: a experiência de Helena Antipoff e seus colaboradores na Fazenda do Rosário na década de 1960. (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

CASSEMIRO, M. F. P; CAMPOS, R. H. F. Formação de Professores para a Educação Especial – Propostas de Helena Antipoff e seus Colaboradores na Fazenda do Rosário nos Anos de 1960. Rev. Bras. Ed. Esp., Bauru, v.25, n.2, p.337-354, Abr.-Jun., 2019.

ISER. Aulas dadas pelos professores. Ibirité/MG (lista sem autor e sem data). Documento Inédito datilografado. Acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff/CDPHA – Seção Museu Helena Antipoff/Ibirité/Minas Gerais (ANEXO 01)

MACHADO, Michele Varotto. A educação das crianças menores de 06 anos sobre a perspectiva de Heloísa Marinho, Nazira Féres AbiSáber, Celina Airlie Nina e Odilon de Andrade Filho : uma análise de suas ideias pedagógicas (1934-1971) / Michele Varotto Machado. — São Carlos : UFSCar, 2015. 303 p. Tese (Doutorado) — Universidade Federal de São Carlos, 2015. Maiores informações podem ser acessadas no link https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/7066/TeseMVM.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acessadas em 20/06/2022.

AUTORA:

Maria de Fátima Pio Cassemiro
Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff

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